segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Humanos versus araras...


Quando o casal de ararinhas se instalou no forro da nossa casa, em Campos do Jordão, achamos legal. Era primavera, imaginamos que iriam botar ovos lá e logo teríamos uma ninhada colorida voando pelo jardim. A araras saíam, pousavam nos fios elétricos e nos postes, namoravam, ensinavam os filhotes a voar.


Pensamos que depois de criada a prole o casal iria para outro lugar. Mas não. Ficaram por ali mesmo. Aí começaram a incomodar, porque fazem barulho, à noite. Ouvíamos as patinhas andando pelo forro, e um tic-tic que parecia o som de sementes sendo descascadas.


Começamos a achar que devia estar ficando muito sujo lá em cima, com cascas de sementes e dejetos de aves. Mas ainda não fizemos nada. Veio o inverno, elas não voaram para um lugar mais quente. Veio outra primavera, outra ninhada. Ficaram por lá Até que, em outubro, quando eu estava na Alemanha e meu marido foi sozinho para Campos, houve um curto-circuito.


Ele e o caseiro foram investigar a causa e descobriram que as ararinhas tinham desencapado a fiação elétrica. Esse era o som que ouvíamos, à noite. Toda a eletricidade da casa foi pra cucuia. Mas sujeira não havia: estava tudo limpinho, exceto por uma ou outra pena colorida largada no forro.


Eles taparam o ponto do beiral que imaginaram ser a entrada das aves, mas, com pena de desalojar os bichinhos, fizeram uma casinha para eles, ao lado, sob o telhado. Nico, o caseiro, é um marceneiro habilidoso.


Uma casa de passarinho pendurada na fachada de uma casa é meio kitsch, né? Mas tudo bem, estamos no meio da mata, a casa é de madeira.. Combina.


No começo, ficamos felizes por ver que as araras não foram embora: pareciam estar usando a casinha: ainda as víamos pousadas nos fios em frente de casa. Mas logo percebemos que os ruídos no forro continuavam: de algum jeito, elas continuavam entrando.


Todas as possíveis entradas foram sendo cobertas. A cada vez que elas saíam para voar por aí, Nico aproveitava e fechava mais uma fresta. Como bom marceneiro, chegou a recortar as tábuas de forma a acompanhar os recortes do madeirame do beiral. Fez isso de um lado, depois de outro. Não adiantou. Os ruídos no forro, à noite, continuaram. Agora sabemos exatamente o que significa aquele tlec-tlec-tic-tic: não são sementes, são os fios sendo desencapados. Qualquer dia essas aves morrem eletrocutadas...


Meu marido concluiu que elas só podiam estar entrando pelo outro lado do telhado. Mas, olhando por fora, parece não haver comunicação entre as duas águas, que ficam em níveis diferentes. Ok. Cobriram o beiral do outro lado. Adivinha se isto as impediu de entrar!...


Então ele fechou com duas ripinhas finas um lugar por onde, talvez, elas coubessem – por mais difícil que seja acrditar nisso, por que é uma frestazinha na madeira. Continuaram entrando. Ele martelou as ripas, que antes estavam só ajustadas. E o casal emplumado nem tchum. Toda noite estão lá, no animado tic-tlec.


Agora, olhando bem, ele viu uma passagenzinha junto à cumieira. “Mas você acha que é por lá que estão entrando?” “Sei lá! Só pode ser! É a única passagem que sobrou!”


Esta última passagem ainda não foi fechada... Mas será, hoje à tarde. Vai adiantar?

Um comentário:

  1. Instalem um lâmpada forte.
    Deixem acesa 24 horas por dia.
    Elas se mudarão, pois pássaros não dormem com luz acesa.

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